XIV - Dei Facientes Adiuvant

Sem nada o fazer prever, o chão começa a tremer e surge um Dragão em chamas, que se dirige a Plínio:
- És tu o SuperGuerreirus, o homem que destruiu Seitan?
- SuperGuerreirus sim, - Diz Geraldus - Homem nem por isso, vamos lá a ter alguma precisão na narração dos eventos, sim Dragão de fogo?
- Sou eu. - Responde Plínio.
- Gladiador... Quero que procures as minhas setes bolas!
- É! E eu quero que ele procure as minhas duas! Olha, estão aqui dentro das calças! Vai te embora Dragãozinho, que nós estamos a trabalhar para Zeus! - Diz Geraldus, irritado.
O Dragão lança uma bola de fumo contra Geraldus, deixando este a cuspir cinzas.
- Assim já não chateia... Gladiador, a resposta é tua. Ajudas-me a encontrar as setes bolas?
- Obrigado pela confiança... Mas não posso. Declarei a minha lealdade a Zeus.
- Bem vejo... E respeito. Adeus Gladiador. Que a fortuna te acompanhe na tua viajem.
Plínio e Edgar carregaram Geraldes às costas e fugiram, não fosse o Dragão mudar de ideias.
Passado alguns segundos surge uma criança vestida de azul.
- Criança, como te chamas? – Pergunta o Dragão.
- Son-Goku, porquê?
- Por acaso não queres procurar as minhas sete bolas?
No dia seguinte, Plínio repetiu os trabalhos de manhã, mas pediu para sair uma hora mais cedo. Novamente com Edgar e Geraldus, Plínio tinha de se deslocar à Ibéria, para caçar o Leão de Alvalade.
- O Leão de Alvalade… Deve ser giro… Eu gosto de leões.
- Tu ÉS um leão! – Diz Geraldus.
- Não gosto de me gabar mas… Sim, sou um leão.
- Isso é que é falar.
- Então, digam-me lá, com este dom que eu tenho para os leões, porque é que isto é um trabalho? Eu chego lá, olho-o nos olhos, e domino-o, como fiz daquela vez em África.
- Cá para mim ele só se roçou em ti porque te confundiu com uma leoa, com esse pêlo todo.
- E este leão é diferente. – Explica Edgar – É o último sobrevivente da sua espécie. O leão de Alvalade é verde e usa risco ao meio na juba.
- E como é que eu o apanho, Edgar?
- Com tranquilidade.
E assim seguiram para a Gália, numa viajem de vários dias. Quando chegaram perto de Alvalade, Plínio não conseguiu esconder o seu espanto:
- Uau… Que sítio tão giro… Tantas árvores, um lago… Um campo tão grande… Como se chama este local?
- Campo Grande. – Responde Edgar. – É aqui que vais encontrar o leão.
- Mas ele anda aí? Mostrem-me! Eu domino o já.
- Ai é que está o problema… Só depois de atingido é que se torna visível ao olhar humano… Mas não te preocupes Plínio… Existe uma deusa que me deve uns favores…
- Sexuais? – Pergunta Geraldus, excitado.
- Não… Mas deve-me uns favores. Afastem-se, que vou fazer uma reza para a invocar…
Plínio e Geraldus assim fizeram, colocaram-se atrás de uma árvore e ficaram a observar o ritual de Edgar, que alinhou uns ramos e umas folhas de modo a fazer uma cruz, e no centro desta alinhou umas velas também em forma de cruz.
- Oh si cariño, me gusta mucho, da-me las tietas, oh si…
Geraldus e Plínio estavam espantados.
- É definitivamente religioso o que ele está a dizer – Diz Geraldus com ar de entendido.
- Sim, – Concorda Plínio – Aquilo é que é dedicação aos Deuses… A pureza na voz dele, é divino.
O céu ficou preto por uns instantes, e de um raio de luz apareceu Diana, a deusa da caça.
- Chamaste, Edgar?
- Sim, Deusa… Decerto recordaras que me deves um favor…
- A minha memória é a de mil homens, recordo-me… Que desejas?
- Ali o jeitoso, Plínio Plagius, o Gladiador, precisa do teu arco e flecha. Vai caçar o Leão de Alvalade.
- Pensei que o Leão de Alvalade não pudesse ser caçado por homens… - Observa Diana.
- Precisamente. Eu não disse que ele era homem.
- Sendo assim, aqui tens o meu arco e flecha, Plínio.
Plínio recebe o arco e flecha e agradece à Deusa.
- Oh Edgar, então mas se eu não o vejo, como é que lhe acerto?
- Simples. Ele já não come vai lá para 5 anos, dizem que anda inofensivo agora. Lento, previsível… Consta que foi importunado por umas Aves e tudo, recentemente.
- Mas, como é que o vejo?
- Com tranquilidade… - Diz Edgar, calmamente – Vais te por ali no meio do Campo Grande, vamos cobrir-te de febras de Zebra, e ele vai tentar comer-te. Quando ele morder a primeira vez, dás-lhe com a seta.
- O quê?!
- Vá lá Plínio, até dizem que ele já nem tem dentes.
- Mesmo assim… Não quero arriscar ficar sem um lombo! Geraldus! Defende-me! Porque é que estás tão caladinho?
- Eu? Não me quero meter. A última vez que mandei umas bocas fiquei a cuspir cinza. Não obrigado. – Diz Geraldes, voltando para trás da árvores.
- Mas… - Conta Edgar – Há outra maneira. Tens que te sintonizar com o leão.
- Sintonizar-me com o leão?
- Sim. Pensar como ele. Agir como ele. Rugir.
- Rugir?
- Disso ele é capaz! – Diz Geraldus, de trás da árvore.
Lá foi Plínio, receoso, para o meio do Campo Grande. Primeiro começou a andar em quatro patas. Depois rugia, perante o gáudio de Edgar e Geraldus.
- Olha lá Edgar – Diz Geraldus – tens de me ensinar essas rezas, dava –me jeito saltar assim uma gaja do nada como fizeste à bocado…
- A magia não é para brincares… Com o teu jeitinho ainda te saltava um negro bem dotado.
- Vê lá o Plínio! A rugir!
- Muito bom! – Diz Edgar, entre os risos.
- Epá, oh Edgar, o tas a entornar o teu cantil para cima de mim homem!
- Mas… Eu não tenho cantil!
Quando Geraldus e Edgar olham para o lado vêm um jacto de liquido amarelo vir do nada.
- AAHHHHH! – Grita Geraldus – Plínio! Leão do caraças a mijar-me em cima, eu é que te vou caçar!
- Já vou!
Plínio levanta o arco.
- Ora bem, pôr a seta, puxar, apontar… E… Cá vai disto!
A seta atravessa o ar a toda a velocidade, mas falha o leão e acerta em Geraldus.
- Ai que estou morto! Ai que morri! Digam a todas as gajas que as amo! Digam que a vida continua sem mim!
- Geraldus, a seta é mágica, só fere criaturas mágicas. Algo que tu não és.
- Ai que estou morto e… Pois é. Não tenho nada! Estou vivo. Mas olha…
- Diz lá Geraldus – Diz Edgar, desconfiado.
- Eu sou mágico. O meu toque é mágico. Pergunta ás gajas. Aliás, é só ouvires. Atrás do horizonte…
- Já sei, já sei!
Entretanto Plínio já tinha preparado uma nova seta, que voa na direcção do leão e lhe acerta em cheio. A magia desaparece e o leão aparece aos olhos dos mortais. Era um leão verde, com risco ao meio, tal como Edgar tinha dito.
- Eu não disse? – Pergunta Edgar – Eu não disse que era com tranquilidade?
- Disseste… E foi bem dito… Mas, matei-o?
- Não, Plínio, a seta da deusa é especial… Apenas o atordoaste…
- Posso ficar com ele… Guardava-o em casa do Geraldus.
- Acho que não há problema.
Um fumo azul surgiu no meio do campo, era novamente a Deusa da Caça.
- Mortal… Plínio… A minha dívida era para com Edgar, não contigo… Agora tu estás em dívida…
- Oh Deus – Diz Plínio, de joelhos – Como posso compensar-te?
- É fácil… Irás a Pax Júlia e construirás um templo em meu nome: O Templo de Diana!
- Mas eu tenho de fazer os trabalhos de Zeus e…
- E nada! Assim o farás! Senão o próximo a ser caçado és tu.
E desapareceu numa nuvem de fumo.
- Agora temos de voltar para Roma, mas não cabemos todos na carroça – Diz Edgar, enquanto coloca a sua capa preta.
- Não há problema. Eu tenho que levar o leão e tomar conta dele, por isso o Geraldus irá a Pax Júlia construir o templo!
- Eu? – Pergunta Geraldus, confuso. – Mas eu não percebo nada de templos! Se ainda fosse de jardins….
- A não se que querias levar o leão! – Contrapõe Plínio…
- Não, não, deixa estar, eu vou ao templo.
Plínio e Edgar seguiram para Roma. Já em Pax Júlia, Geraldus começou a construir o templo, debaixo da supervisão da Deusa.
- Oh, oh Deusa… Não quer dar aqui uma ajudinha… É que está calor e a minha pele é muito sensível…- Diz Geraldus, enquanto põe uns cremes.
- Vá… Estás a ir lindamente! Aliás, vais tão bem que eu posso voltar também à Grécia…
- Obrigado… Então até à vista.
E a Deusa voltou a desaparecer numa nuvem de fumo.
- Ainda falta tanto… Só tenho meia dúzia de colunas levantadas, com mau aspecto, e nem sequer tenho tecto… Mas ninguém está a ver… E se eu… Não… Mas, só um bocado… Não… Espera lá que já te conto… - Geraldes cinzela “Templo de Diana” numa placa e continua a falar – Não é cedo nem é tarde… Ninguém está a ver… Isto também está bem assim e…
Antes sequer de acabar a frase já estava a correr em direcção a Roma. Não se podia atrasar. Outro trabalho os esperava.

1 comentário:

Anónimo disse...

Um Dia Este Blog será editado em Livro...