I - Ab Origine

Todos os épicos tem de começar por algum lado. E a história de Plinio Plagius também. Plinio nasceu numa modesta família romana, do temido bairro Irenus. O bairro Irenus era um local afastado do centro de Roma, onde poucos se aventuravam a entrar. Desde tenra idade Plinio demonstrou ser uma criança especial: dono de uma força incrível e de um inabalável amor pelos clássicos gregos, Plinio destacava-se das crianças da sua idade que apenas queriam saber da lutra greco-romana, especialmente dos seus ídolos Triplus H e Batistus. Demonstrava também uma estranha apetência para tocar um instrumento de apenas quatro cordas, a que ele apelidou de Baixus (em contraponto com o seu amigo imaginário, que era o Altus). A infância foi passada com grande sacrificio. Plinio era usado pela família como fonte de rendimento, usando-o em obras para levantar calhaus ou pondo-o a tocar em casamentos. Quando chegou a adolescência, o jovem Plinio passava os dias a apanhar nêsperas em quintais vizinhos e a fingir que lia os clássicos gregos. Só aos 15 anos é que alguém lhe chamou a atenção de que ele não sabia sequer ler. Plinio chorou, mas a lágrima nem sequer tocou no chão, perdendo-se no labirinto denso que era a sua barba. Plinio ficou conhecido desde cedo pela abundante pelugem. Consta que a mãe lhe fazia a barba desde os 3 meses. Assim, Plinio destacava-se entre os imberbes companheiros de trafulhices, surgindo quase como um líder. Plinio, sempre de cabeça no ar, ignorava os avanços das muitas mulheres, perdão, daquela rapariga meio cegueta e com buço que se deslocava ao bairro Irenus para comprar peixe, pois Plinio apenas se interessava pelo estudo. O seu sonho: aprender a ler. Plinio tentou desesperadamente arranjar um tutor, alguém que o introduzisse ao maravilhoso mundo das letras, mas a sua origem modesta impedia que sequer olhassem para ele. Revoltado, o jovem Plinio decidiu abandonar o bairro Irenus e sair de Roma, e seguir para onde o seu coração o mandava. Fervorso crente no cosmos, Plinio arranjou duas moedas de ouro ao vender um jogo seu de infância e deslocou-se a casa do vidente Paulos Cardosus, que deu luz verde ao sonho. Ir para a Grécia, aprender a ler e tornar-se um homem. A parte do homem não é verdade, porque Paulos Cardosus não promete coisas impossíveis, mas era assim que Plinio pensava. Chegou a hora de despedir-se da sua mãe:
- Mãe, tenho de ir. Quero aprender a ler.
- Mas Plinio, por César, não podes ir sozinho para a Grécia!
- Porquê mãe? Já tenho 16 anos, sou um homem.
- Plinio, já te ensinei a não mentir! Além disso, quem te fará a barba na Grécia? Eles podem saber filosofar mas não sabem utilizar a rebarbadora!
- Descanse, mãe, eu ficarei bem.
- Vais é parecer um licantropo, e ainda te vão caçar e por numa feira ambulante.
- Adeus mãe, voltarei em breve.
- Plinio...
A sua mãe ficou com o seu velho coração destroçado. Ver o seu único filho partir daquela forma, rumo à longínqua Grécia tirava-lhe a sono. Sem Plinio por perto, como ela iria passar as tardes de Domingo, quando se sentavam os dois a observar o céu enquanto ela lhe aparava a barba? Foi uma decisão difícil, mas Plinio estava decidido e foi assim que se iniciou estava aventura. Foi assim que Plinio começou a escrever a ouro a sua página no capítulo do Destino.

Sem comentários: